terça-feira, 3 de janeiro de 2012

ARQUEOLOGIA INDUSTRIAL E DA PAISAGEM EM ITABORAÍ-RJ

************************************************************************************ ARQUEOLOGIA INDUSTRIAL E DA PAISAGEM EM ITABORAÍ-RJ FRANCISCO OCTAVIO BEZERRA octavio_bezerra@hotmail.com BENEDICTO HUMBERTO RODRIGUES FRANCISCO MN-UFRJ *********************************************************************************** Na década de vinte o Sr. Ernesto Coube encontrou na fazenda São José de sua propriedade um material que julgou tratar-se de caulim. Entregou as amostras ao engenheiro Carlos Euler que as enviou ao Laboratório de Química do Serviço Geológico do Brasil.. Uma coleção de fósseis efetuada por Luciano Jacques de Moraes foi enviada para C. J. Maury nos Estados Unidos da América que identificou espécies de moluscos Novas e importantes coleções efetuadas nos anos seguintes evidenciaram para o mundo a importância científica da pequena bacia sedimentar de São José de Itaboraí no Estado do Rio de Janeiro. Os estudos mostraram também ser viável a explotação do calcário para cimento, uma indústria ainda incipiente no Brasil, posto que a única fábrica em operação estivesse localizada em Perus, São Paulo. A Cia. de Cimento Portland Mauá obteve permissão para explorar a jazida pelo contrato de 31 de outubro de 1931 assinado e registrado no Tribunal de Contas da união em 18 de novembro de 1932, instalando a fábrica em Guaxindiba, Município de São Gonçalo, servido por estrada de ferro. Um ramal foi construído até São José para escoamento da matéria prima. A fábrica de cimento foi inaugurada festivamente com a presença do Presidente Getúlio Dornelles Vargas, constituindo um importante marco no desenvolvimento industrial do Brasil. Em 1935 a Cia Mauá obteve o registro de mina (manifesto) na Divisão de Fomento da Produção mineral em atendimento ao que dispõe o artigo 30 do decreto 24 642 de 1934 tornando obrigatório o registro das minas em operação no País. O cimento da fábrica de Guaxindiba foi usado para construções importantes como o Estádio Mário Filho (Maracanã) inaugurado em 1950 para Copa do Mundo de Futebol da FIFA e a Ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói). Foi também da Mauá o primeiro saco de cimento (foto) em papel substituindo os antigos recipientes usados para transporte de cimento, feitos de madeira e depois de pano. A fábrica bateu seguidos recordes de produção em razão da excelência do calcário de Itaboraí e do volume crescente da reserva medida nos anos seguintes, chegando a atingir o volume total de até 2 050 700 m³ de minério. O esgotamento gradativo da reserva de calcário apropriado para cimento, somado à descoberta de importantes jazidas em Cantagalo, levou ao abandono paulatino da pedreira a partir de 1982 e que se consumou em 1984, com a retirada das máquinas e o fechamento dos escritórios localizados em São José. A outrora próspera vila municipal deu lugar a uma espécie de cidade fantasma, com a saída de moradores e o fechamento quase total do comércio local, fato agravado pela crise da cultura da laranja, na mesma época atingida por séria doença nos laranjais. A área original operada pela Cia. Mauá era de 1 34 155 2,50 m² o que corresponde ao terreno desapropriado pela Prefeitura em 12 de abril de 1990 e que estabelece a área do Parque Paleontológico conforme o decreto lei de 12 de dezembro de 1995. A retirada das bombas que impediam o acúmulo de água na cava proporcionou depois de algum tempo a formação da lagoa artificial de São José que atualmente abastece de água a região através de uma cooperativa (COPERAGUA). A ação coordenada inicialmente pelo professor Fausto Luiz de Souza Cunha e depois por um grupo de professores e pesquisadores apoiados pelo Museu Nacional e pelo DRM levou à criação do Parque Paleontológico São José, conforme o decreto lei municipal 1346 de 12 de dezembro de 1995, assinado pelo prefeito João Scolfaro. No ano seguinte foi instituída por Portaria Municipal a Comissão Gestora do Parque, formada por pesquisadores, representantes da comunidade e da prefeitura de Itaboraí.

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