terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Falando de Educação

CRÕNICAS DE BENEDICTO RODRIGUES Falando de Educação Em seu bonito livro Mel & Fel a professora e escritora Icléa Gama, nascida em Passa Três, no Estado do Rio de Janeiro, diz em umas de suas bem inspiradas crônicas: “Entendemos por educação o desenvolvimento dos poderes que possuímos, e que se manifesta, nas mudanças de hábitos e atitudes. No adulto se transforma em auto-educação e promove no indivíduo o processo indiscutível de melhoria individual e equilíbrio social”. Educar é evoluir também com o educando. A Educação moral é mais importante do que a Educação intelectual. (...) Não basta tirarmos do analfabetismo, temos por dever suprir o indivíduo, dando-lhe oportunidades de um convívio sadio com a sociedade.”“. E mais adiante afirma a escritora e educadora fluminense: "Mestre é aquele que educa. Jesus educou seus discípulos de forma tão grandiosa inspirando em seus gestos e hábitos, o Amor”.E prossegue de forma lapidar a cronista: "Ser Mestre condiz em viver realidades buscando a instrução no sentido de orientar na aquisição de conhecimentos”.(Palavras extraídas do livro Mel & Fel de autoria de Icléa Gama, p.35, 1999). Sábias palavras. E foi exatamente atrás desse “... orientar em busca de conhecimentos" que me levou a criar o projeto Falando Sério do qual o programa radiofônico é apenas um dos segmentos. Busco permanente inspiração nos ideais de educadores como Edgar Roquette-Pinto, antropólogo, pioneiro do Rádio no Brasil, dos primeiros a perceber e usar o potencial do novo meio de comunicação, através do qual poderia levar mais rapidamente ao povo a tão necessária educação. Fundou a Rádio Sociedade, atual Rádio MEC, em 1935 e a Rádio Municipal da Prefeitura do Distrito Federal, mais tarde Rádio Roquete-Pinto, atualmente extinta. Por uma feliz coincidência, Roquette-Pinto também pertenceu aos quadros do Museu Nacional do Rio de Janeiro, sendo inclusive um dos seus Diretores. Confesso que não cheguei a tanto, contentei-me com um singelo mandato de vice-diretor. Todas as vezes que me encontro na sala da Egrégia Congregação do Museu Nacional - a sala por sinal faz parte da história do Brasil, como de resto todo o imóvel, antiga residência de reis e príncipes-me surpreendo olhar vagando pelos quadros pendurados na parede com os retratos dos seus Ex-Diretores e entre eles Roquette-Pinto, em cujo semblante pode-se perceber claramente as qualidades morais e intelectuais de mais um ilustre brasileiro, cuja biografia mereceria, com certeza, ser mais conhecida, mormente por parte dos que labutam na educação e nos meios da radiodifusão. Pobre e curta memória a nossa, dos meus compatriotas e, mormente dos educadores e radialistas, eis que até mesmo uma das emissoras que ele criou e que levava seu nome, desapareceu, como poeira na estrada. Pelo que sei, sem nem ao menos uma voz que se levantasse em protesto contra essa aleivosia administrativa estatal. Uma lástima. Encerro essa crônica lembrando um estudo de Teixeira de Freitas, um dos fundadores do IBGE sobre o fluxo escolar registrado na década de 40 abordando o problema da repetência, tendo concluído que no País o grande problema não era tanto a falta de escolas, mas sim a qualidade da educação. Rubens Klein e Sérgio da Costa Ribeiro tentando resgatar os estudos de Freitas, no artigo "Pedagogia da educação ao longo das décadas" publicado em 1995 na Revista Ensaio, concluem que o grande problema ainda hoje continua sendo a qualidade de ensino e a pedagogia da repetência. E o mais grave, conforme atestam Klein & Ribeiro, é que a situação poderia ser outra, se o trabalho de Teixeira tivesse sido levado em conta. Ao contrário, o fundador do IBGE foi demitido e a correção proposta não foi realizada. Os resultados, todos sabem, nem é preciso repetir. Agora é indispensável e urgente que o problema volte a ser ampla e profundamente discutido. E não basta, senhores ouvintes e senhores administradores da coisa pública, responsável todos pelos destinos dessa grande e bela nação tropical, colocar um crescente número de crianças nas escolas. E preciso, sobretudo zelar pela qualidade de ensino e acabar desde logo com a nefasta pedagogia da repetência. (Falando Sério, 29 de julho de 2002). FALANDO DE EDUCAÇÃO BENEDICTO HUMBERTO RODRIGUES FRANCISCO

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