Morte
Ab'Saber morreu de parada cardíaca na manhã de 16 de março de 2012, às 10h20min, em sua casa na região metropolitana de São Paulo, aos 87 anos.[5] A informação foi dada pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), instituição que Ab'Saber presidiu de 1993 a 1995 e da qual era presidente de honra e conselheiro.
Apesar da idade avançada, o geógrafo continuava sendo um observador atento das controvérsias políticas relativas à questão ambiental. Envolveu-se, por exemplo, com a discussão do novo Código Florestal Brasileiro, que pode alterar as áreas de preservação obrigatórias em propriedades particulares, nos últimos dois anos. Segundo a SBPC, Ab'Saber criticou o texto por não considerar o zoneamento físico e ecológico de todo o Brasil e não levar em consideração a diversidade de paisagens naturais do país. O estudioso também chegou a sugerir a criação de um Código da Biodiversidade para implementar a proteção a espécies da flora e da fauna brasileiras.[3]
[editar]Características de sua obra
Ab'Saber defendeu um papel mais ativo dos cientistas, com a ciência aplicada e colocada a serviço dos movimentos sociais.[6] Esse ideal o levou a ser consultor ambiental do Partido dos Trabalhadores e a tornar-se próximo de Lula por um longo período. Posteriormente tornou-se crítico do Governo Lula devido, especialmente, à sua política ambiental - a qual classificou como a maior frustração na história do movimento ambientalista brasileiro. O intenso apoio governamental aos usineiros e ao projeto de Transposição do Rio São Francisco - que julgava servir primordialmente aos interesses dos grandes proprietários de terra do nordeste seco - também colaboraram para seu distanciamento. Avaliava que o governo, ao mesmo tempo em que conseguia popularidade com medidas mitigadoras, aprofundava um modelo de desenvolvimento hostil aos interesses da maior parte da população brasileira. Com a credibilidade adquirida nas décadas de trabalho como cientista, Ab'Saber procurava respaldar os movimentos sociais que lutam contra obras desenvolvimentistas hostis aos seus interesses e seus modos de vida - como a citada transposição do Rio São Francisco ou a barragem dos rios do Vale do Ribeira.[7] Homenageado do ano durante a reunião do SBPC de 2010, Ab'Saber proferiu pesadas críticas às mudanças no Código Florestal brasileiro colocando-o no contexto de desmonte da política ambiental brasileira.
Sua última crítica referia-se ao chamado aquecimento global, classificando-o como uma das grandes farsas da atualidade. Ab'Saber não negava o aquecimento mas afirmava que a contribuição antrópica para o fenômeno ainda não era suficientemente conhecida. Afirmava que algumas das previsões de impactos estavam baseadas em pressupostos equivocados, resultando em diagnósticos consequentemente inválidos. Apontava a onda de calor do verão (no hemisfério sul) 2009-2010 como exemplo de como a interpretação dos fenômenos climáticos é, por vezes, distorcida. Enquanto muitos argumentam que o aquecimento global foi o responsável por isso, Ab'Saber recordava que este fora o pico de atividade do El Niño, que se repete a cada doze anos (ou treze anos ou, ainda, a cada 26 anos) e que, portanto, um pico de calor era esperado.[8]
O valor literário de sua obra também foi reconhecido. Aziz Ab'Saber recebeu três vezes o Prêmio Jabuti: duas vezes na categoria de ciências humanas e uma vez para ciências exatas.
[editar]Obras selecionadas
- A Obra de Aziz Nacib Ab'Saber (2010), Sao Paulo, BECA (588 pp. e CD)
- Ecossistemas do Brasil[9]
- Domínios da natureza no Brasil - potencialidades paisagísticas
- Litoral Brasileiro
- São Paulo: ensaios entreveros[10]
- Amazônia: do discurso a práxis
- Áreas de circudesnudação periférica pós-cretácea
- A Terra Paulista
- O homem do terraço de Ximango
- Espaços ocupados pela expansão dos climas secos na América do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários
- Domínios geomorfológicos da América do Sul: primeira aproximação
- O homem na América Tropical: estoques raciais em contato e conflito
- The Paleoclimate and Paleoecology of Brazilian Amazon
- Geomorfologia do Sítio Urbano de São Paulo[11]
A SBPC tem uma última obra inédita do geógrafo, a ser publicada: o terceiro volume da coleção Leituras Indispensáveis, com trabalhos dos primeiros geógrafos do Brasil.[5]
[editar]Alguns prêmios e condecorações recebidos
- Professor-Emérito da USP, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
- Professor honorário do Instituto de Estudos Avançados da USP
- Doutor Honoris Causa, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ
- Membro da Academia Brasileira de Ciências[12]
- Membro honorário da Sociedade de Arqueologia Brasileira
- Membro honorário do IEV Instituto de Estudos Valeparaibanos
- Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia de 1999
- Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico em Ciências da Terra
- Prêmio Internacional de Ecologia de 1998
- Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente de 2001
- Prêmio XI de Agosto, concedido pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, em 2004
- Desde 2008, o geógrafo foi homenageado, em vida, pelo Centro Integrado de Ciência e Cultura "Prof. Dr. Aziz Nacib AbSaber" de S
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