segunda-feira, 2 de abril de 2012

Brasil perdeu cientista Aziz Ab Saber


Morte

Ab'Saber morreu de parada cardíaca na manhã de 16 de março de 2012, às 10h20min, em sua casa na região metropolitana de São Paulo, aos 87 anos.[5] A informação foi dada pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), instituição que Ab'Saber presidiu de 1993 a 1995 e da qual era presidente de honra e conselheiro.
Apesar da idade avançada, o geógrafo continuava sendo um observador atento das controvérsias políticas relativas à questão ambiental. Envolveu-se, por exemplo, com a discussão do novo Código Florestal Brasileiro, que pode alterar as áreas de preservação obrigatórias em propriedades particulares, nos últimos dois anos. Segundo a SBPC, Ab'Saber criticou o texto por não considerar o zoneamento físico e ecológico de todo o Brasil e não levar em consideração a diversidade de paisagens naturais do país. O estudioso também chegou a sugerir a criação de um Código da Biodiversidade para implementar a proteção a espécies da flora e da fauna brasileiras.[3]

[editar]Características de sua obra

Ab'Saber defendeu um papel mais ativo dos cientistas, com a ciência aplicada e colocada a serviço dos movimentos sociais.[6] Esse ideal o levou a ser consultor ambiental do Partido dos Trabalhadores e a tornar-se próximo de Lula por um longo período. Posteriormente tornou-se crítico do Governo Lula devido, especialmente, à sua política ambiental - a qual classificou como a maior frustração na história do movimento ambientalista brasileiro. O intenso apoio governamental aos usineiros e ao projeto de Transposição do Rio São Francisco - que julgava servir primordialmente aos interesses dos grandes proprietários de terra do nordeste seco - também colaboraram para seu distanciamento. Avaliava que o governo, ao mesmo tempo em que conseguia popularidade com medidas mitigadoras, aprofundava um modelo de desenvolvimento hostil aos interesses da maior parte da população brasileira. Com a credibilidade adquirida nas décadas de trabalho como cientista, Ab'Saber procurava respaldar os movimentos sociais que lutam contra obras desenvolvimentistas hostis aos seus interesses e seus modos de vida - como a citada transposição do Rio São Francisco ou a barragem dos rios do Vale do Ribeira.[7] Homenageado do ano durante a reunião do SBPC de 2010, Ab'Saber proferiu pesadas críticas às mudanças no Código Florestal brasileiro colocando-o no contexto de desmonte da política ambiental brasileira.
Sua última crítica referia-se ao chamado aquecimento global, classificando-o como uma das grandes farsas da atualidade. Ab'Saber não negava o aquecimento mas afirmava que a contribuição antrópica para o fenômeno ainda não era suficientemente conhecida. Afirmava que algumas das previsões de impactos estavam baseadas em pressupostos equivocados, resultando em diagnósticos consequentemente inválidos. Apontava a onda de calor do verão (no hemisfério sul2009-2010 como exemplo de como a interpretação dos fenômenos climáticos é, por vezes, distorcida. Enquanto muitos argumentam que o aquecimento global foi o responsável por isso, Ab'Saber recordava que este fora o pico de atividade do El Niño, que se repete a cada doze anos (ou treze anos ou, ainda, a cada 26 anos) e que, portanto, um pico de calor era esperado.[8]
O valor literário de sua obra também foi reconhecido. Aziz Ab'Saber recebeu três vezes o Prêmio Jabuti: duas vezes na categoria de ciências humanas e uma vez para ciências exatas.

[editar]Obras selecionadas

  • A Obra de Aziz Nacib Ab'Saber (2010), Sao Paulo, BECA (588 pp. e CD)
  • Ecossistemas do Brasil[9]
  • Domínios da natureza no Brasil - potencialidades paisagísticas
  • Litoral Brasileiro
  • São Paulo: ensaios entreveros[10]
  • Amazônia: do discurso a práxis
  • Áreas de circudesnudação periférica pós-cretácea
  • A Terra Paulista
  • O homem do terraço de Ximango
  • Espaços ocupados pela expansão dos climas secos na América do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários
  • Domínios geomorfológicos da América do Sul: primeira aproximação
  • O homem na América Tropical: estoques raciais em contato e conflito
  • The Paleoclimate and Paleoecology of Brazilian Amazon
  • Geomorfologia do Sítio Urbano de São Paulo[11]
A SBPC tem uma última obra inédita do geógrafo, a ser publicada: o terceiro volume da coleção Leituras Indispensáveis, com trabalhos dos primeiros geógrafos do Brasil.[5]

[editar]Alguns prêmios e condecorações recebidos

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